MapBiomas Água: Plataforma auxilia interpretação e divulgação de dados ambientais
Novo lançamento traz mapeamento da superfície de água do Brasil de 1985 a 2023
Isaac Mendes
Na última quarta-feira, foi lançada a terceira coleção completa do MapBiomas Água pelo Mapbiomas, organização da qual o Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig) é membro fundador. A coleção inclui dados anuais e mensais, frequência de ocorrências, transições (ganhos e perdas) e a classificação da cobertura dos tipos de corpos d’água, disponíveis livre e gratuitamente.
Impacto das mudanças climáticas no ciclo hidrológico
Trabalhos como esse ajudam a mapear zonas que estão secando, melhorando o controle e a prevenção de focos de fogo. Segundo o professor Nilson Ferreira, do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Ciência do Fogo (NEPEF), há uma importante percepção acerca dos atuais fenômenos climáticos possibilitada pelo MapBiomas Água.
"Quando se observa a quantidade de precipitação anual acumulada há 60 ou 30 anos atrás, não se vê muita diferença. No entanto, antigamente, as chuvas eram distribuídas ao longo de cinco a seis meses. Hoje, chove a mesma quantidade em um intervalo de tempo menor”.
Por isso, as chuvas se tornam mais intensas e atrapalham o ciclo hidrológico, à medida que o solo é incapaz de reter toda aquela água, e os corpos hídricos não são abastecidos idealmente. Para completar, a ausência de cobertura vegetal no solo, especialmente causada por incêndio ou desmatamento, contribui para essa má infiltração de água no solo.
Atualmente um forte El Niño atinge o Brasil, causando desastres climáticos como as chuvas intensas no Rio Grande do Sul, além das secas no Cerrado, no Pantanal e em parte da Mata Atlântica. Essas secas mais fortes e prolongadas ameaçam os solos, principalmente, aqueles já afetados pelas chuvas intensas. Com isso, aumenta-se as chances de focos de fogo surgirem, seja pela ação humana ou não. Por sua vez, mais fogo significa menos cobertura vegetal, o que aumenta o escoamento superficial e diminui a infiltração da água, criando um ciclo vicioso de seca e incêndios.
Pantanal em chamas
O Pantanal, cujos ecossistemas dependem do alagamento, passa por um período de seca extrema. A pior em 700 anos, segundo pesquisadores da USP. Na série histórica apresentada pelo MapBiomas Água, a superfície d'água atual do bioma é três vezes menor que em 2006. Ou seja, daquele ano até 2023, o Pantanal perdeu uma superfície d'água equivalente a 514 mil campos oficiais de futebol. Atualmente, sofre a maior quantidade de focos de incêndio desde 2005.
Confira abaixo:
Esses e outros dados estão disponíveis no site da plataforma, acesse-os clicando aqui.
Essas questões ambientais não são exclusividades brasileiras. No ano passado, incêndios de grandes proporções ocorreram no Canadá, um país considerado exemplar na prevenção e controle de fogo em zonas ambientais. O mesmo ocorreu na Europa, por exemplo, mostrando a gravidade das condições climáticas globais.
Fonte: MapBiomas, NEPEF, Jornal da USP, Poder 360 e G1