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Pesquisadores do Lapig colaboram com produção de artigo do INPE iniciado pelo projeto PRODES NF

Após trinta anos da criação do projeto PRODES, dezenas de profissionais comprometeram-se para monitorar e quantificar a vegetação não florestal de áreas que não eram monitoradas

Texto: Isadora Otto

 

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Imagem detalhada das áreas de vegetação não florestal e florestais analisadas durante os anos de 2000 e 2022 sendo produto presente no artigo divulgado. Fonte: INPE/PRODES, disponível em: https://terrabrasilis.dpi.inpe.br/downloads/.

 

O artigo “Unaccounted for nonforest vegetation loss in the Brazilian Amazon”, em tradução: “Perda não contabilizada de vegetação não florestal na Amazônia Brasileira”, foi produzido como extensão do projeto PRODES Não-Floresta (NF), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Iniciado em 2021 por meio de várias parcerias interinstitucionais, os pesquisadores utilizaram imagens de satélite da classe Landsat e Sentinel para mapear e tornar visível a real perda de vegetação não florestal da Amazônia. 

Dentre os 48 autores do estudo, 4 são os pesquisadores do Lapig que contribuíram para sua produção, sendo eles Ana Paula Matos, Luis Bauman, Elaine Barbosa da Silva e Laerte Guimarães Ferreira. Atuaram com as validações dos dados a partir da ferramenta desenvolvida pelo Lapig, a Temporal Visual Inspection (TVI), onde três intérpretes fizeram a análise das imagens. Neste estudo, uma série de mapeamentos de 2000 a 2022 foram utilizados e os resultados indicaram uma acurácia de 96% dos dados.

 

Preservação ambiental 

A partir da combinação de técnicas geoespaciais e estatísticas, a principal apuração do artigo demonstrou que a vegetação não florestal da Amazônia corresponde a 6,6% do bioma, uma área de 279.492,08km². Sendo esta a primeira vez em que os estudos coletados levantaram dados para tornar evidente a real perda das áreas de vegetação natural. 

As áreas de vegetação não florestal são aquelas que não são predominantemente floresta tropical, sendo elas: savanas, campos, áreas sazonalmente inundadas e ecótonos (regiões de transição de biomas). O resultado da pesquisa e o contínuo monitoramento deverão refletir nas políticas públicas de preservação ambiental, auxiliando na atenuação da perda dessas áreas, além da conservação da Amazônia.

“Esse mapeamento em geral é muito importante, porque traz essa visibilidade para vegetações na Amazônia que ainda não eram monitoradas. E a partir desses dados, a gente pode ter esse monitoramento e também mais pesquisas para essas áreas.” afirma Ana Paula Matos, uma das pesquisadoras do Lapig que integraram o artigo.

As principais descobertas tornaram emergentes a necessidade do monitoramento dessa região anteriormente negligenciada. Isso porque nas duas últimas décadas houve uma perda total de 29.247,44km² da vegetação não florestal, o equivalente a 10% da área mapeada. 

A principal causa demonstrada pelo artigo é a expansão agrícola, além do desenvolvimento de infraestrutura para transportes rodoviário e portuário. A análise realizada indicou que as savanas são as áreas mais afetadas e os hotspots - aquelas áreas naturais com grande biodiversidade que estão ameaçadas de extinção ou em processo de degradação -, estão migrando do sul para o norte, com foco no Mato Grosso, progredindo recentemente para as regiões de Roraima e Amapá.

A pesquisa aponta que há outro fator que corrobora para que essas áreas sejam alvo de desmatamento: a sua baixa proteção legal. Isso motiva a conversão agrícola, já que não há fiscalização efetiva. A demanda por políticas públicas que protejam as regiões de vegetação não florestal é urgente, para que a fronteira agrícola não se expanda, tornando essas regiões ainda mais vulneráveis. 

 

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Perda de vegetação não florestal no estado de Roraima, Brasil. Imagens: Cassiano G. Messias.

 

Sobre o projeto PRODES

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Imagem das áreas de vegetação não florestal antes do início do projeto voltado para o monitoramento dessas regiões. Fonte: INPE/PRODES, disponível em: https://terrabrasilis.dpi.inpe.br/downloads/.

 

O PRODES desde 1988 produz, anualmente, as taxas de desmatamento para o governo brasileiro com o intuito de estabelecer políticas públicas visando a preservação ambiental. 

O monitoramento das áreas desmatadas é feito através de satélites da classe Landsat, as imagens são consideradas confiáveis pelos cientistas nacionais e internacionais, já que sua acurácia indica aproximadamente 95% de precisão.

O projeto conta com a colaboração do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e está inserido como ação do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) no Grupo Permanente de Trabalho Interministerial para a redução dos índices de desmatamento da Amazônia legal, criado por decreto presidencial de 3 de Julho de 2005. O GTPI é parte do Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal, lançado em 15 de março de 2004.

 

Leia o artigo na íntegra Artigo publicado na Revista Nature

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Acompanhe também a matéria produzida a partir do estudo publicado Além das florestas: a ameaça contínua à vegetação não florestal da Amazônia