
Lapig realiza trabalho de campo em parceria com pesquisadores da Universidade de Brasília
Sobrevoos com drones ajudam a identificar plantas exóticas no Cerrado
Por Leoncio Silva (Lapig)
Uma equipe do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig) da Universidade Federal de Goiás (UFG), sob a orientação do professor Dr. Manuel Ferreira, realizou, entre os dias 15 e 17 de julho, um amplo trabalho de campo na Estação Ecológica do Jardim Botânico de Brasília (EEJBB), a convite de pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB).
Com apoio do Núcleo de Pesquisa e Capacitação com Veículos Aéreos Não Tripulados (Pro-Vant), a atividade incluiu sobrevoos com drones em área de estudo da EEJBB, visando facilitar a identificação e mapeamento de espécies de plantas invasoras no bioma Cerrado, em colaboração com a pesquisa de doutorado de Lucas Silva Costa, do Programa de Pós-Graduação em Ecologia da UnB, orientado pela professora Dra. Mercedes Bustamante, do departamento de Ecologia da UnB / Laboratório de Ecossistemas.
Uma das hipóteses da pesquisa é a de que modificações nas condições ambientais da região, causadas por mudanças intensas no uso do solo, tal como a expansão das áreas habitacionais, tem favorecido a proliferação de plantas já encontradas na região, porém agora em estado de desequilíbrio. Três espécies estão sendo avaliadas e monitoradas: Trembleya parviflora (D.Don) Cogn., Baccharis retusa DC. e o Capim-Gordura (Melinis minutiflora P.Beauv).
Segundo os pesquisadores, estas plantas podem sofrer estímulos ambientais devido às mudanças nos padrões hídricos, climáticos e das queimadas na unidade de conservação, acarretando no alastramento das espécies sobre as classes de vegetação mais tradicionais do Cerrado.
“Há muitos condomínios naquela região do Jardim Botânico de Brasília, incluindo casas com piscinas e poços artesianos, provavelmente interferindo no nível do lençol freático e na umidade do solo. Por conta disso, espécies mais oportunistas se beneficiam, e se adaptam mais facilmente, a ponto de mudar a dinâmica da paisagem, sendo esta, uma das hipóteses investigadas por este estudo da UnB”, declara o professor.
O uso de veículos aéreos não tripulados facilita a identificação dessas espécies, visto que o pesquisador terá uma visão sinóptica de toda a área analisada (incluindo as parcelas ecológicas), com uma elevada escala cartográfica (resolução espacial centimétrica). De acordo com o professor Manuel Ferreira, o sensoriamento remoto aéreo (sensores multiespectrais embarcados em drones) e terrestre (espectrorradiômetro de campo) têm a finalidade de obter as propriedades espectrais dos alvos investigados, como assinaturas, contribuindo com as questões científicas da pesquisa.
"Utilizamos dois veículos aéreos não tripulados, do tipo multimotores (quadricópteros), que decolam e pousam verticalmente. A ideia é gerar um mosaico de imagens RGB e índices de vegetação específicos com as imagens multiespectrais, auxiliando no mapeamento das plantas exóticas, e sua relação com o meio ambiente natural e antropizado”, afirma o professor Manuel Ferreira.
Foto: Divulgação/ Lapig
Foto: Divulgação/ Lapig